Empoeirada, mas não esquecida, a velha Corona repousa sobre a mesa ao fundo do corredor. A sua carcaça, de um azul-escuro desbotado pelo tempo, guarda marcas de uso, pequenos arranhões que contam histórias de longas noites de inspiração. As letras das teclas, outrora brilhantes, agora exibem um tom amarelado, como se sussurrassem memórias de tinta fresca e versos apaixonados.
As teclas, de marfim desgastado, guardam a memória do toque delicado de um poeta, cujos dedos deslizavam sobre elas com a precisão de um maestro conduzindo uma orquestra. Cada batida, um eco do ritmo dos sonetos que ali tomaram forma, palavras que fluíam como um rio, esculpindo rimas e imagens em papel branco. O som característico das letras sendo impressas, um clique metálico e suave, ainda ecoa nos cantos silenciosos da memória, um som que acompanhava o nascimento de poemas cheios de paixão, dor e esperança.
Agora, em silêncio, a máquina espera. A poeira acumulada sobre as suas teclas é um véu delicado que esconde a beleza da sua simplicidade. Mas ao olhar mais de perto, pode-se perceber a magia contida em sua estrutura, a alma de um instrumento que outrora deu voz a belos sonetos, transformando pensamentos em palavras, e palavras em poesia. Um legado silencioso, um testemunho da criatividade humana, que aguarda pacientemente uma nova história para ser escrita.